segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Flex? Nem tanto...

Após um longo, mas muito longo, período sem postar, decidi fazê-lo devido a um fato ocorrido hoje. Com esta alta no preço do álcool/etanol (ao menos em São Paulo), este combustível tornou-se desvantajoso frente à gasolina; é a tal da relação 0,7, ou seja, se o resultado da multiplicação do preço da gasolina por 0,7 for menor do que o preço do etanol, é mais vantajoso abastecer o carro com o combustível fóssil. Isto ocorre pois o rendimento térmico do combustível vegetal é menor do que com a gasolina (menor poder calorífico, em torno de 70%). Por isto as concepções entre os dois motores são tão diferentes, como a taxa de compressão (e o motor flex está no meio do caminho... seria um motor pato).



Pois bem, há tempos noto que o meu carro é um tanto arisco, com difícil modulação dos pedais de embreagem e acelerador. É necessário acostumar-se, dar uma leve acelerada para ‘acordar’ o motor antes de sair com o veículo, para evitar trancos desagradáveis. Notei hoje, ao encher o tanque com gasolina (a segunda vez na vida do carro que ele bebe gasolina, primeira comigo ao volante), uma melhora significativa em seu comportamento, com saídas mais progressivas, modulação adequada entre os pedais, ausência de trancos, enfim, uma docilidade maior. Obviamente houve uma queda na sua ‘esperteza’, retomadas ficaram um pouco mais preguiçosas, a sensação de ganho de velocidade ficou um pouco mais acanhada.



Isto me levou a uma rápida reflexão. Aproveitando um post anterior, cheguei à conclusão que trata-se de um motor pato: ao permitir a rodagem com 2 combustíveis de características distintas, aproveitam-se as características médias de ambos os mundos, enquanto poderia ser muito mais econômico e potente se devidamente pensado focando um tipo de combustível apenas. A taxa de compressão, crítica para motores à combustão, poderia ser otimizada em um motor somente a etanol, que exige uma maior taxa justamente devido à sua resistência à detonação, mas contida nos flex por causa da gasolina e sua relativa baixa resistência à detonação. Isto sem mencionar os motores sobrealimentados, tendência mundial de downsizing.



É indiscutível a liberdade de escolha do combustível a ser abastecido dada ao consumidor, principalmente em um país como o Brasil, cuja oscilação do preço dos combustíveis varia conforme o humor dos empresários sucro-alcooleiros. Mas do ponto de vista técnico, independente do grau de evolução que cheguem os motores flexíveis, sempre estarão a meio passo do excelente.