terça-feira, 12 de maio de 2009

'Melhorias' no carro

Milhares de reais são gastos pelas montadoras de automóveis durante o desenvolvimento de novos veículos, de modo que se possa garantir a segurança do motorista e seus ocupantes, uma durabilidade adequada das peças e subsistemas além do correto funcionamento dos mesmos. Mais alguns milhares de quilômetros são percorridos no computador, através de simulações, e outros milhares de quilômetros percorridos em campo de provas, com veículos protótipos, até que se possam atingir todos os objetivos fixados no início do projeto. Engenheiros trabalham duro, colocando à prova todo o conhecimento técnico (e também todo o jogo de cintura que é necessário no ambiente industrial, mas isso é outra história) para que o projeto se concretize.

Tudo isso tem um custo, que é dissolvido no valor do veículo e depois, acrescido dos pouquíssimos impostos de nosso país, pago por nós, consumidores. Ou seja, pagamos pelo veículo, o aço da carroceria, os tecidos dos bancos, o motor e até mesmo aqueles poucos mililitros de combustível que vêm no tanque. Mas, além disso, também pagamos pelo conhecimento técnico, todo o know-how da montadora que fora empregado durante o desenvolvimento do veículo.

E onde eu quero chegar? Bom, após tudo isso, aquele carro parado na sua garagem, mas que já rodou por ruas esburacadas, tomou banho de salmoura, se espatifou contra uma parede de concreto, foi homologado pela montadora, atestado para que, dentre as diversas e adversas condições não vá falhar. O problema é quando as pessoas decidem que o veículo não está adequado, e decidem melhorá-lo.

Atenção pois existem casos e casos: realmente, em alguns veículos um bom trabalho pode ser feito, e a melhora realmente acontece. Mas em outros, e isso se traduz na grande maioria, o que é feito simplesmente se traduz em uma grande porcaria. Quem nunca viu um carro rebaixado na rua, que atire a primeira mola... Não vou ser hipócrita, acho muito bonito de se ver e já me passou pela cabeça em ter um, e se o serviço for bem executado, os ganhos são sensíveis. Entretanto, chega a ser cômico, senão fosse trágico, ver o carro passando por uma rua levemente ondulada; é um atentado à vida dos passageiros toda aquela vibração transmitida sem nenhum tipo de absorção, além do risco à dirigibilidade do veículo. Novamente quero salientar a qualidade do serviço executado; entretanto a qualidade é proporcional ao dinheiro gasto, e isto normalmente não é levado em conta. Afinal, cortar a mola, ou esquentar, ou qualquer método ‘açougue’ dos que são oferecidos por aí, é bem acessível.


Molas: formato barril, com passo não-constante entre elos, garante o rate variável

O projeto de uma suspensão envolve muito mais do que simplesmente a mola e o amortecedor. Deve-se levar em consideração a distribuição de massas do veículo, de modo a se obter um rate de mola adequado, além de um amortecedor que forneça um damping correto. O ser humano é sensível a determinadas faixas de freqüências que se não forem corretamente filtradas pela suspensão (sim, essa é uma das tarefas dela e não apenas segurar o carro na curva) podem trazer desconfortos e, em casos extremos, riscos à saúde. E cuidado pois quanto maior a rigidez à rolagem em um eixo, maior a tendência dele em sair primeiro numa curva. E pode acreditar que escapar de traseira numa alça de acesso, com o guard-rail esperando para inaugurar sua ‘nova’ suspensão não é legal...

Muito critério ao realizar alterações no seu veículo, pois o prejuízo pode ser todo seu.

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