terça-feira, 26 de maio de 2009

A riqueza na simplicidade

Gostaria de dedicar algumas palavras para o meu daily car. Um carrinho simpático e bem valente; valente pois agüenta os desafios que eu imponho a ele com bravura de um carro acima de sua categoria. Trata-se de um popular, mas um popular que já está defasado: nasceu em 2006, mas com projeto da década de 80; simpático pois apresenta linhas bem resolvidas, atuais até os dias de hoje, e até mesmo mais bonitas do que sua versão atualizada, na minha opinião.


Decidi criar este post devido a recentes viagens que realizei com ele. Trechos de estrada no melhor estilo Autobahn seguidos de trechos sinuosos e desertos, perfeitos para a interação com a máquina, até quase uma simbiose. E é exatamente este o ponto deste post: trata-se de um popular, logo não podemos esperar o estado da arte em termos de comportamento dinâmico, dirigibilidade e até mesmo segurança; entretanto, e aqui cabe o valente citado anteriormente, o carrinho se esforça bastante para parecer ‘gente grande’.


Claro que devo admitir seus defeitos e características adotadas visando sua casta ‘popular’, tais como o excesso de plásticos (que com o tempo vão se soltando e emitindo ruídos impertinentes), o painel espartano com apenas velocímetro e luzes espia, seu volante torto e o alto ruído dos pneus e do motor que se propaga dentro da cabine; sua suspensão traseira com eixo de torção, ausência de barras estabilizadoras, enfim, diversas são as suas características ‘repulsivas’. Mas trata-se de um daily car; e daily cars devem ser, acima de tudo, práticos. Seu câmbio close ratio mostra-se extremamente desconfortável em rodovias, pois o motor trabalha sempre em giros altos, prejudicando o consumo de combustível. Entretanto, o pró deste fato consiste em se ter o motor sempre cheio, diminuindo o número de reduções de marcha em caso de ultrapassagens ou subidas (embora eu ainda prefira as vantagens de um câmbio wide). Seus pneus 165 insistem em avisar-me que estão perdendo eficiência em curvas, gritando; a direção com uma multiplicação claramente voltada para o uso ‘civilizado’ não responde bem quando provocada e seus bancos sem ajuste de altura não garantem a ergonomia adequada. Ainda assim, insisto no prazer proporcionado por esse pequeno ogro; uma coisa inexplicável até certo ponto, mas que me cativa sempre que o conduzo.


É incrível como até mesmo essas máquinas simples, enfaticamente voltadas para a praticidade e racionalidade, e não para o prazer de dirigir, quando instigadas podem proporcionar um sorriso no rosto. Incalculáveis foram as vezes em que simplesmente este pequeno ogro pode deixar para trás quem cismava em provocar sua aparente benevolência. E não que eu seja um ás no volante ou qualquer coisa do tipo, apenas me considero um bom ‘psicólogo’ automotivo.

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