quarta-feira, 13 de maio de 2009

Why so serious?

Os brasileiros se dizem apaixonados por carros, certo? Mas esta não é a realidade.
Como podemos afirmar que um povo é apaixonado por automóveis se a maioria das compras de carros zero-km são feitas pensando na revenda e não nos momentos em que o comprador irá passar com seu tão estimado bem? Não adianta discordar, é verdade. E este é apenas um dos muitos fatores que me levam e ter essa certeza.
O mais visível é quando se fala em cor do carro. O primeiro comprador o quer preto, prata ou cinza, e não porque acha mais bonito ou mantém a aparência de limpo por mais tempo, mas simplesmente porque vai ser mais fácil de "passar pra frente" depois. Não vou nem comentar o quão ilógico é o mar de carros pretos, ainda mais sem ar condicionado, num país tropical. Se todos comprassem o carro da cor que realmente gostam, aposto que não haveria esse problema, pois o segundo comprador do carro também não ficaria preso aos tons de cinza pensando na revenda, e o carro de cor "diferente" também não encalharia nas lojas.
E o pior: mesmo quem quer comprar um carro zero-km de uma cor diferente das mais comuns tem dificuldade. Cito um caso próximo: minha irmã foi comprar um Peugeot 206 novo, numa concessionária, um bom tempo antes do lançamento do "207" (sim, entre aspas). Decidiu qual a versão que mais lhe interessava, os opcionais e a cor que desejava: o vermelho da foto abaixo.
Na minha opinião, uma cor muito bonita. Mas qual não foi sua surpresa ao ser avisada de que caso realmente quisesse essa cor o carro levaria "algumas semanas" para ser entregue, muito provavelmente mais de um mês, e eles tinham um veículo com a mesma configuração, na cor prata, para "pronta entrega" (novamente aspas, pois pronta entrega de concessionária hoje em dia significa no mínimo duas semanas...). Ela acabou tendo que ficar com o prata, pois não podia esperar quase que indefinidamente pela entrega do veículo.
Cria-se assim um efeito perverso: a maioria dos compradores preterem os carros que fogem ao espectro de fuligem; estes acabam ficando mais tempo nos revendedores, que passam a encomendá-los menos; a fábrica, então, aumenta o mix de produção dos carros preto-prata-cinza, e fica cada vez mais difícil pra quem não deseja fazer parte da imensidão de carros igualmente sóbrios realizar seu desejo.
É uma pena. Mas pelo menos um dos cinco carros de casa foge a essa sina. Os outros quatro são prata (1), preto (2) e cinza (1) por pura falta de opção na hora da compra. E eu adoro o meu amarelo.

Um comentário:

  1. Pois é, nunca abri mão de cor pensando em revenda. Afinal, ter de olhar seu carro todo dia imaginando como seria de outra cor seria muito difícil. Bom, o tom vigente em casa é o vermelho... vigente e dominante.

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